Todos juntos

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terça-feira, 28 de março de 2017

Entrevista com Gilles Brougère sobre o aprendizado do brincar para Revista Nova Escola.

Filósofo francês explica que o jogo é uma construção social que deve ser estruturada desde cedo. E o professor pode enriquecer essa experiência


Sob o olhar de um educador atencioso, as brincadeiras infantis revelam um conteúdo riquíssimo, que pode ser usado para estimular o aprendizado. Gilles Brougère, um dos maiores especialistas em brinquedos e jogos na atualidade, entrou nesse universo totalmente por acaso. Desde o fim da década de 1970, o tema tornou-se objeto de estudo no grupo de pesquisadores em que ele atuava. Como na época não existiam investigações sobre a temática, Brougère vislumbrou o muito que havia para ser feito.
Desde então, ele pesquisa a cultura lúdica da perspectiva da sociedade na qual cada criança está inserida. É o contexto social, diz ele, que determina quais serão as brincadeiras escolhidas e o modo como elas serão realizadas.
Seus estudos indicam que os pequenos se baseiam na realidade imediata para criar um universo alternativo, que ele batizou de segundo grau e no qual o faz de conta reina absoluto. Graças a um acordo entre os participantes - mesmo os muito pequenos -, todos sabem que aquilo é "de brincadeira". Por isso, fica fácil decidir quando parar. Pelo mesmo motivo, um jogo não pode ser nem muito entediante nem muito desafiante ao ponto de provocar ansiedade.
No final de 2009, Brougère esteve no Brasil e conversou com NOVA ESCOLA, inclusive sobre a relação do brincar com a violência.

Quais são as características básicas da brincadeira? 
GILLES BROUGÈRE A primeira característica é a que se refere ao faz de conta. É o que eu chamo de segundo grau. Toda brincadeira começa com uma referência a algo que existe de verdade. Depois, essa realidade é transformada para ganhar outro significado. A criança assume um papel num mundo alternativo, onde as coisas não são de verdade, pois existe um acordo que diz "não estamos brigando, mas fazendo de conta que estamos lutando". A segunda característica é a decisão. Como tudo se dá num universo que não existe ou com o qual só os jogadores estão de acordo que exista, no momento em que eles param de decidir, tudo para. É a combinação entre o segundo grau e a decisão que forma o núcleo essencial da brincadeira. A esses dois elementos, podemos acrescentar outros três. Para começar, é preciso conhecer as regras e outras formas de organização do jogo. Além disso, o brincar tem um caráter frívolo, ou seja, é uma ação sem consequências ou com consequências minimizadas, justamente porque é "de brincadeira". Por fim, há o aspecto da incerteza, pois o brincar tem de se desenvolver em aberto, com possibilidades variadas. Quando todos sabem quem vai ganhar, deixa de ser um jogo (e, nesse ponto, é o contrário de uma peça de teatro, que também é "de brincadeira", mas que sabemos como acaba).

O tema de sua pesquisa é a relação da brincadeira com a cultura lúdica. Como definir esse conceito? 
BROUGÈRE A cultura lúdica são todos os elementos da vida e todos os recursos à disposição das crianças que permitem construir esse segundo grau. Ela não existe isoladamente. Quando a criança atua no segundo grau, mantém a relação com a realidade (o primeiro grau), pois usa aspectos da vida cotidiana para estabelecer uma relação entre a brincadeira e a cultura local num sentido bem amplo. Depois, os pequenos desenvolvem essa cultura lúdica, que inclui os jeitos de fazer, as regras e os hábitos para construir a brincadeira. Um bom exemplo são as músicas cantadas antes de começar uma brincadeira no pátio da escola.

Essa cultura, portanto, é individual ou compartilhada? BROUGÈRE Ambos. Como toda cultura, ela se refere ao que é compartilhado e é isso que permite que uma criança brinque com outras. Cultura, numa definição muito rápida, é "tudo aquilo que compartilhamos". Então, para compartilhar uma brincadeira, é preciso ter uma cultura compartilhada. Ao mesmo tempo, porém, é preciso entender que cada criança, em função de sua história de vida, tem um jeito particular de lidar com as brincadeiras. Às vezes, ela conhece alguns jogos, mas não outros. Por isso, posso afirmar que existe também uma individualização dessa cultura, já que nem todos compartilham todos os elementos da cultura lúdica de uma geração. Alguns jogam videogames que outros nem conhecem. Da mesma forma, há diferenças entre as brincadeiras de meninas e de meninos. A cultura lúdica é a soma de tudo isso, considerando o resultado da vida de cada um. O fato é que a experiência lúdica não é a mesma para todas as crianças.



Fonte: Revista Nova Escola. 

domingo, 12 de março de 2017

Como ajudar seu Filho a Perder a Timidez.


É normal que algumas crianças se sintam desconfortáveis em situações novas ou que as coloquem como centro das atenções. A timidez não é uma doença e, em muitos casos, é apenas mais uma característica da personalidade de uma pessoa. Ou seja, ela só é um problema quando é excessiva e prejudica o desenvolvimento ou a capacidade de estabelecer relações sociais.
Se seu filho tem muita dificuldade em fazer amigos ou medo de tirar dúvidas em sala de aula, isso pode impedir que ele consiga brincar ou falar com outras crianças, interferir na capacidade de aprendizado e até causar sofrimento. Mas você pode ajudá-lo. A psicóloga e psicopedagoga Cynthia Wood, mãe de Fabrizzio, explica que às vezes o comportamento dos pais em relação aos filhos faz com que eles desenvolvam ainda mais a insegurança, reforçando a timidez.
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“Pais muito rígidos e exigentes podem contribuir para o desenvolvimento da timidez”, aponta a especialista. Isso acontece porque o exagero na hora de repreender a criança quando ela faz algo inapropriado pode fazer com que ela se retraia. Isso não significa que você não deve dar bronca no seu filho quando necessário, mas que deve tentar estabelecer um equilíbrio na maneira como faz isso.
A superproteção também pode ser um erro, pois a criança tem mais dificuldade de resolver os próprios problemas. “Crianças que são superprotegidas também têm dificuldades, já que perdem a capacidade de encarar a frustração e tendem a se isolar socialmente para não sofrerem decepções”, afirma Elizabete Duarte, psicopedagoga e mãe de Camilla e Willian.
O que fazer
Você pode contribuir positivamente de várias maneiras. Mas, se você perceber que mesmo assim seu filho está encontrando dificuldades, não hesite em procurar a ajuda de um profissional como psicólogo ou pediatra. Veja algumas dicas das especialista sobre o que pode ser feito por você:
  • Encoraje o convívio com outras crianças em parques, clubes, festas infantis e todos os lugares com pessoas da mesma idade para interagir.
  • Aguce a curiosidade da criança: antes de ir a algum local, fale quem vai estar lá e o que vai ter de interessante, para segura e curiosa para explorar o lugar e a situação.
  • Elogie sempre que seu filho conseguir ir a algum lugar novo e interagir com outras crianças. Não critique se ele ficar com medo.
  • Incentive a ajudar os outros: Quando você envolve a criança na realização de pequenas tarefas para alguém que esteja precisando, ela se sentirá útil, valorizada e menos inibida.

Consultoria: Cynthia Wood Passianotto, psicóloga e psicopedagoga do Crescendo e Aprendendo e mãe de Fabrizzio.
Elizabete Duarte, psicopedagoga, coordenadora do Colégio Nossa Senhora do Morumbi e mãe de Camilla e Willian.
Fonte: Pais&Filhos